terça-feira, 5 de outubro de 2010

Privacidade (ou a falta dela)

Privacidade. Esta é uma palavra que nos tempos que correm começa a perder o seu significado.
A sua estruturação morfológica indica-nos um valor de fazer algo sem ser de conhecimento alheio, mas este valor começa a fragmentar-se dramaticamente sem que ninguém se dê conta.
Hoje temos câmaras de vigilância em qualquer lugar, GPS em tudo e registos de passagem em toda a parte.
Se é verdade que, em termos policiais, estas medidas são fantásticas para corroborar uma investigação, também não deixa de ser uma invasão da privacidade para os cidadãos comuns que a única coisa que não precisam é de alguém a seguir-lhes as pisadas durante todo o dia.
A privacidade é um valor demasiado importante para ser desvalorizado como o tem sido nestes últimos tempos.
A uso recorrente à tecnologia e o seu uso descontrolado, está a evitar que as pessoas mantenham os seus valores primários e , normalmente, sem se aperceberem.
Pior ainda, é perdermos esses valores voluntariamente. Desde o Big Brother, os reality shows têm sido dos programas mais vistos da televisão portuguesa. As pessoas lutam para não perder a sua privacidade mas adoram entrar na privacidade dos outros. E estes outros, para ganhar protagonismo, não se importam de perder os seus valor morais e mostrar ao mundo as suas "misérias" de espírito.
O novo reality show, "A casa dos segredos", revela mais uma vez que o mundo está a perder os seus mais valiosos valores e cada vez mais o que interessa é o protagonismo. A vida das pessoas pertence aos outros, rege-se pelas opiniões dos outros. Criam-se personagens de uma novela, e as pessoas tornam-se actrizes na vida real.
Esperemos que estes valores não se percam e se fragmentem cada vez mais, pois não se sabe onde se pode chegar. Veremos...

João Pina

É da crise...

Caros amigos,

É da crise. Esta é a frase mais ouvida nos últimos anos da parte de todos os que têm alguma coisa para nos oferecer ou para nos tirar.
O patrão diz ao empregado que não pode dar aumentos por causa da crise, os governantes dizem ao povo que por causa da crise entramos em contenção, as grandes multinacionais explicam aos seus clientes que os preços aumentaram por causa da crise e até os bancos vivem a crise, aumentando as taxas e cobrando mais aos seus "patrocinadores".
Assim vamos vivendo com a crise presente nas nossas vidas, gastando mais, recebendo menos e cada vez com mais insegurança em relação aos ganhos do próximo mês.
Há quem afirme que a crise é passageira. Outros que veio para ficar. Outros ainda que nem acreditam que ela exista.
Mas a verdade é que cada vez os pobres estão mais pobre e vivem com mais dificuldades.
Com as últimas medidas de "austeridade" o país ficou mais convencido que o pior ainda está para vir (como se não o soubéssemos já).
As pensões dos mais idosos serão cortadas, os ordenados da função pública diminuídos, reduções em despesas com a educação, saúde e justiça.
Pensando bem, até nem é tudo mau.
A doença da época é a obesidade. Os únicos cortes na educação que se pode fazer é na alimentação e nas infraestruturas. Assim, os jovens têm menos que comer e não podem ser obesos e as escolas que caírem já não são reabertas, logo já não têm número de alunos suficientes para se manterem abertas. Com isso menos professores são precisos. Menos custos para o estado.
O caso da saúde é bem diferente. Os hospitais fecham, os novos não passam de projectos para o futuro e então garante-se que os utentes só frequentam os hospitais num raio de 100 km. Mas em termos de pessoal, não se pode contratar mais ninguém o que leva a mais utentes e menos profissionais qualificados para os atender. Mais idosos morrem por falta de tratamentos e o estado poupa nas pensões. Poupança é a palavra de ordem.
Na justiça é óbvia a poupança. Cada preso custa ao estado uma média de 32 euros por dia e as prisões estão degradadas e sobrecarregadas. Assim, corta-se na despesa, não existem funcionários suficientes para manter os tribunais em funcionamento e os julgamentos não se fazem. Os arguidos ficam na rua até obterem uma vaga para serem julgados (até parece que estamos a falar de um doente à espera de uma vaga para uma operação). Menos despesa com os presos, menos despesa em tribunais e menos gente nas prisões. Tudo poupança.
Sem ironias, não sei que cortes se podem fazer nestas áreas. Os hospitais estão a "rebentar pelas costuras" sem capacidade para os doentes que recebem diariamente. As escolas não são reparadas, os professores não têm colocações, os jovens já têm que pagar as suas refeições. Na justiça, não se fala. As prisões estão decrepitas, os julgamentos são adiados por falta de pessoal e de condições e as prisões preventivas já só se podem autorizar em casos muito graves.
De certo que o pior ainda está para vir, mas realmente não sei como pior poderá ficar.
Para já só nos resta esperar e "rezar" para que não nos calhe a nós termos que viver da caridade alheia, pois cada vez são mais as famílias a viver dessa mesma maneira.

João Pina

Depois do tempo perdido

Caros seguidores do meu blogue,

É verdade que estou de volta, desta vez a sério.
Depois de um ano e tal de ausência, voltei para continuar a escrever para vocês.
As saudades de poder escrever sobre o que me apetece já eram muitas, mas a vida dá voltas e voltas, parecendo até que nunca vai estabilizar. Mas por fim, ela para de rodar e parece que nos cimentamos onde e quando queremos.
Assim foi a minha nos últimos tempos, mas agora parece que está em fase mais branda, o que me dá algum tempo para escrever.
Assim, prometo (não são promessas como as dos nossos governantes) que estou de volta com mais uns casos insólitos ou especiais para vos divulgar, tentando sempre que sejam do vosso agrado.
Da minha parte podem esperar a isenção que sempre gosto de manter. Explicar, demonstrar e esperar pelos vossos comentários.
Com um abraço profundo deste vosso amigo,

João Pina

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Itália aprova lei contra imigração ilegal

Voltei para vos transmitir mais uma crónica.
Desta vez vou até um país da Europa, banhado pelo Mediterrâneo , um dos mais ricos do mundo, pertencente ao "famoso" G8 e com a democracia como regra no seu território.
É isso mesmo, a Itália.
Hoje foi aprovada uma lei no parlamento italiano que proíbe a imigração ilegal no país. A lei, pelo que pude perceber das pesquisas que fiz, baseia-se em 3 pontos:
- Nenhum estrangeiro poderá permanecer no país sem documentos legais.
- Todos os imigrantes ilegais serão julgados em tribunal, multados de 5 a 10 mil euros, e num prazo de 6 meses extraditados para o seu país de origem.
- Criaram-se patrulhas "populares" para ajudar a policia no controlo das cidades.
Existe duas adendas a esta nova lei. As mulheres que tenham filhos, mesmo que estejam ilegais, poderão registar os seus filhos como italianos e pedir a legalização. Os médicos e profissões de prestação de cuidados estão também isentos de prisão, sendo que serão considerados profissionais prioritários para manter no país, devido a manutenção de mão da mão de obra.
Analisando com isenção esta nova lei, salta a vista um ponto de referência. A Itália quer combater a imigração ilegal no país. E só posso concordar.
Ora se uma pessoa emigra para um país, é para ter uma vida melhor. Sendo assim, concordo que se registe no país que o acolhe, que cumpra todas as leis e deveres dos cidadãos desse país e que tenha os mesmos direitos. Porquê entrar com visto de turista de 6 meses e querer ficar lá a trabalhar ilegalmente?
No caso da multa, é apenas uma formalidade. Na generalidade, nenhum imigrante ilegal terá esse dinheiro para pagar. A extradição, desde que haja bom senso por parte das autoridades que a controlam, não deverá levantar algum problema. A grande questão em relação a esta lei, é a formação de patrulhas populares. Vou tentar explicar.
A Itália aprovou a criação de patrulhas populares, com um limite máximo de 5 (cinco) pessoas, que só poderão utilizar roupas comuns (nada de fardas), impossibilitados de usar armas e animais e que se têm de fazer acompanhar sempre por um policia. Ou seja, aumenta os efectivos à policia com uns "colaboradores", o que leva a pensar que querem controlar o povo com o próprio povo. Será? Sabemos que a Itália è governada por uma ala de extrema direita, e isto será o começo da implementação novamente de medidas fascistas que tanto os nossos antepassados lutaram para abolir?
A lei está em vigor, e só nas primeiras 24h houve 12 denúncias de cidadãos à policia sobre imigrantes ilegais.
Aguardemos para ver mas com muita atenção!!

Bem hajam...

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Morreu Raul Solnado

Desta vez escrevo apenas para deixar a minha homenagem a este Senhor...

Morreu Raul Solnado, o homem, o filho, o pai, o avô, primo neto tio.
Morreu o homem que nos fazia rir com a guerra de 1908 enquanto soldados Portugueses padeciam em guerras sangrentas além fronteiras.
Morreu o mágico que nos dias mais tristes nos trazia um sorriso à cara e nos dava os bons dias.
Morreu o actor, que tantos palcos pisou, que tantas cortinas fez levantar e que tantos aplausos arrancou.
Morreu o artista, cómico, sério, carismático, senhor de um tormento de emoções que oferecia ao público apenas com um olhar.
Morreu a imagem a preto e branco da plateia em pé, a granjear aquele galã de fato e gravata como se de um rei se trata-se.
Morreu então Raul, deixando a herança pesada de um nome em seus descendentes.
Mas não morreu o espírito, que esse se há-de lembrar quem o conheceu e as futuras gerações que receberão as suas memórias através de pais e avós.
Descansa em paz Raul Solnado, e obrigado pelos sorrisos que nos deste.

Instituição família em decadência

Boa noite.

Deparei-me hoje com uma visão surreal da instituição família. Conto aqui de uma forma abreviada a minha peripécia.

Depois de ter passado mais um dia de férias lendo um bom livro, a minha mãe, como uma boa mãe convidou-me para jantar num restaurante chinês perto de casa. Até aqui tudo normal.
Como sou bastante observador (não sou coscuvilheiro mas gosto de observar à minha volta), apercebi-me de um senhor acompanhado pelo seu filho (que mais tarde soube que tinha 9 anos), sentado numa mesa perto, e que tinha uma conversa muito estranha.
O que me chamou mais a atenção foi o teor da conversa, notoriamente demasiado pesada para uma criança ouvir. Aliás, pesada demais até para um adulto ouvir, quanto mais uma criança.
O perfil da pessoa em questão não é mais do que uma grande parte dos casais hoje em dia. Separado recentemente da mulher, com filhos, casamento destruído por incompatibilidades várias.
A conversa do referido senhor também nada me espanta nos dias que correm. Referir a mão como a má da fita, perguntar ao filho o que se passa lá em casa, etc etc etc... Coisas que, infelizmente, os adultos teimam em fazer, usar os filhos para atacar o ex-conjugue.
A conversa do senhor, em tom bastante alto, além de referir a mão da criança, referia situações um pouco estranhas, sendo ditas palavras inadequadas em público, e que na boca de uma criança nos levaria ao chavão da "pimenta na boca".
Depois de tudo isto passar, e de o empregado do restaurante já estar um pouco saturado deste tipo de conversas, este decidiu pacificamente pôr conversa com tal personagem desviando a contenda do rapaz. Este diálogo ficou estranho ao ponto de o senhor dizer que os chineses comiam cão e que o arroz xau-xau nasceu dos xaus-xaus (dito cães) em português. O empregado com toda a paciência (de chinês mesmo!!) defendeu-se mas mantendo sempre o tom cordial conversa, e ao mesmo tempo salvando o rapaz de mais uma carga psicológica de pancada.

O caminho para casa levou-me a pensar no assunto da família actual. Estará o conceito família tal como o conhecemos em decadência, ou será apenas mais uma fase de transformação? Será esta passagem da minha vida apenas um caso isolado de um louco que nunca deveria ter sido pai ou isto será um acto "normal" nas famílias desintegradas?

Não consigo pensar em pais que pressionam psicologicamente os filhos (maltratam-nos mesmo) para poder atingir outro ser. Mas infelizmente isso existe!! E que pais darão estes filhos mal tratados? Que futuros adultos teremos? Não generalizo os casos. Conheço bem de perto casos de divórcios amigáveis em que os filhos são preciosidades. No entanto hoje fiquei a pensar. Não apenas naquele homem que não sabe ser pai, mas naquela criança que continuará a viver assim.

Os filhos não têm culpa dos pais que têm. As crianças de hoje são os homens de amanhã.

Bem hajam...

Bem Vindos!

Bem vindos....

Faço este blog apenas pelo prazer de escrever. Realmente, descobri que gosto mesmo de escrever há muito tempo atrás mas, só recentemente redescobri essa paixão.
Poderia ter escolhido um tema qualquer do quotidiano que me desperta-se mais atenção mas a minha intenção não é escrever para o meu prazer, unicamente para vocês.
A minha ideia á um pouco arrojada até porque não tenho qualquer experiência neste tipo de textos. Como li um dia, de um jornalista brasileiro muito respeitado: "As crónicas são experiências pessoais, em que não se dá notícia, mas sim opiniões. Opiniões não são notícias".
Na verdade, o meu ponto de vista não será tão redundante como o desse jornalista. Irei abrir apenas algumas linhas de raciocinio e espero por repercurções.
Espero realmente que leiam o que escrevo com um olhar crítico. Insultem-me, magoem-me mas não me deixem sem uma crítica honesta. Amigos, família, conhecidos ou desconhecidos, utilizem este espaço para uma crítica demarcada de qualquer grau de ligação com a minha pessoa.
A isso chama-se Liberdade de Expressão. Ao que eu faço quero um dia chamar "Jornalismo".

Cumprimentos a todos